Ministra aposentada do
STJ reitera que acha "muito estranho" a gigante Odebrecht "quase
nunca perder uma ação na Justiça" e "nunca ter sido suspeita em
nenhuma das licitações" das várias que já venceu no Brasil; "Nessa
república louca que é o Brasil, temos aí o Executivo e o Legislativo altamente
envolvidos nas questões da Odebrecht, de acordo com as delações da Lava Jato.
Tem-se aí pelo menos uns 30 anos em que a Odebrecht ganha praticamente todas as
ações na Justiça. O Judiciário nunca toma uma posição contrária à empresa? Será
que o Judiciário é o mais correto dos poderes? Em todas essas inúmeras
licitações que a Odebrecht já ganhou no Brasil nunca a Justiça encontrou nada
suspeito sem que precisasse alguém denunciar", questiona a baiana
6 DE JANEIRO DE 2017
Bahia 247 - A ministra aposentada
do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Eliana Calmon comenta a repercussão de
suas declarações ao jornalista Ricardo Boechat, da revista IstoÉ, de que
"delação da Odebrecht sem pegar Judiciário não é delação".
Calmon afirma que não quis
insinuar que exista especificamente algum juiz corrupto em qualquer esfera do
Poder Judiciário brasileiro, mas reiterou que acha "muito estranho" a
construtora "quase nunca perder uma ação na Justiça" e "nunca
ter sido suspeita em nenhuma das licitações" das várias que já venceu no
Brasil.
"Nessa república louca
que é o Brasil, temos aí o Executivo e o Legislativo altamente envolvidos nas
questões da Odebrecht, de acordo com as delações no âmbito da Operação Lava
Jato. Tem-se aí pelo menos uns 30 anos em que a Odebrecht ganha praticamente
todas as ações na Justiça. O Judiciário nunca toma uma posição contrária à
empresa? Será que o Judiciário é o mais correto dos poderes? Em todas essas
inúmeras licitações que a Odebrecht já ganhou no Brasil nunca a Justiça
encontrou nada suspeito sem que precisasse alguém denunciar", questiona a
ministra em entrevista ao jornal Tribuna da Bahia.
Eliana Calmon disse que não
tem uma estimativa de quando nem como se dará o desfecho da Operação Lava Jato,
cuja investigação começou sobre um esquema de corrupção que assolou a Petrobras
por meio de pagamento de propina de empreiteiras a políticos. "O fim da
Lava Jato é uma incógnita. Eu acho que ninguém esperava toda essa dimensão que
a investigação ganhou. Acredito que a Odebrecht tenha ficado por último porque
seria de fato o maior impacto com as delações de seus executivos".
O ex-presidente da
construtora Marcelo Odebrecht e os demais executivos que já depuseram na Lava
Jato já delataram Michel Temer, o ex-presidente Lula, nove ministros e ex-ministros
de Estado, 12 senadores e ex-senadores, quatro governadores e ex-governadores,
24 deputados federais, três servidores, dois vereadores e um empresário. E como
destaca Eliana Calmon, não há nenhuma denúncia contra nenhum membro do Poder
Judiciário. De nenhuma esfera. "É impossível levar a sério essa delação
caso não mencione um magistrado sequer", completa baiana.
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