Prepara-se a
entrega do controle da Vale à banca e a estrangeiros

Prepara-se a maior picaretagem do século em termos
de entrega de patrimônio público ao setor privado de forma absolutamente
graciosa: a privatização completa do controle da Vale do Rio Doce em favor do
Bradesco e da Mitsui mediante uma operação de fusão de ações ordinárias e
preferenciais. É um assalto ao patrimônio público na escala do que tem sido
tentado com as empresas de telecomunicações, às quais o Governo Temer pretende
doar na forma de ativos de cerca de R$ 100 bilhões segundo o TCU.
A operação da Vale
é particularmente absurda. Na era Trump, quando o presidente dos Estados Unidos
invoca os valores nacionais como prioridade de governo, os entreguistas
brasileiros pretendem que o setor público abra mão do controle da maior empresa
mineradora do mundo, com funções potencialmente estratégicas no desenvolvimento
brasileiro. É mais um atentado contra a soberania nacional do tipo que
vem sendo reiterado por este Governo preocupado exclusivamente em arquitetar os
maiores assaltos ao patrimônio nacional.
Não se sabe
exatamente quem está por trás disso. Talvez seja o Angorá, talvez o Caju,
talvez o Primo: quem sabe? Talvez a Odebrecht saiba, embora, no caso, como
empresa produtiva brasileira, ela está longe de ser privilegiada com a
operação. Os beneficiários são sobretudo estrangeiros: a Mitsui, japonesa, e o
Bradesco, que nessa altura é também um banco estrangeiro sem qualquer
vinculação com o mercado nacional de empréstimos bancários, na medida em que
também se vincula à especulação financeira mundial.
A Vale jamais
deveria ter sido privatizada. Foi privatizada por um capricho de Fernando
Henrique Cardoso, conforme confessou numa entrevista a Raphael de Almeida
Magalhães e a Eliezer Batista num documentário sobre a vida deste. Segundo
Fernando Henrique, se não privatizasse a Vale o mercado não acreditaria que seu
programa de privatização era algo sério. E assim se foi por entre os dedos a
maior mineradora do mundo. Por um acidente, o controle ficou nas mãos dos
fundos de pensão e, por uma decisão de Carlos Lessa, com o BNDES.
Em abril o acordo
de acionistas da privatização deverá ser revisto. É nessa brecha que se
pretende entrar com o artifício da conversão de ações preferenciais em
ordinárias – eles dizem, fundir as ações – a fim de tirar a empresa do controle
nacional. Numa situação em que os fundos de pensão e o próprio BNDES estão sob
controle do Governo, a tentação é muito grande de operar rapidamente para ter
um desfecho em favor do “mercado”. A notícia a respeito surgiu no jornal
Valor de ontem, com grande naturalidade. Mas é um roubo.
Fala-se em
antecipar a renovação do acordo de acionistas para a segunda semana de
fevereiro de forma a concluir o assalto o mais rápido possível. É assim que
opera este Governo: saca rápido, atira e mata. Enquanto isso, a sociedade
brasileira, entupida com a pletora de iniciativas governamentais furtivas, não
tem tempo sequer de respirar, quanto mais de tomar conhecimento do roubo e
reagir. É nesse clima que vão se decidir as mesas da Câmara e do Senado. Nosso
destino político, econômico e social estará em jogo. Espero que o acaso, que
pode estar de tocaia na lista de Teori Zavascki, desça dos céus para cuidar de
nós!
Nenhum comentário:
Postar um comentário