A
Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Vila Mariana, que vem sendo aguardada por
mais de 300 mil moradores da região centro-sul de São Paulo, está com as obras
paralisadas desde maio de 2016, quando a construtora Massafera desistiu da
construção por enfrentar problemas administrativos internos. Projetada para
oferecer de 13 a 20 leitos de observação, com capacidade para atender até 450
pacientes por dia, não passou do primeiro pavimento, como pode ser visto por
quem passa pela Rua Diogo de Faria, 609, esquina com Rua Botucatu, na Vila
Clementino.
Contudo,
a UPA já consta das planilhas de custos da Secretaria da Saúde da gestão João
Doria (PSDB). Em 30 setembro, um sábado, o Diário Oficial da Cidade de São
Paulo publicou extrato do despacho do secretário municipal da Saúde, Wilson
Modesto Pollara, sobre termo aditivo a um dos contratos firmados com a
organização social de saúde Associação Paulista para o Desenvolvimento da
Medicina (SPDM), com autorização de repasse de R$ 78.756.884,34.
No site da
Secretaria Municipal de Saúde não há informações disponíveis sobre aditamentos ao
contrato assinados na gestão Doria.
Desse
total autorizado por Pollara, R$ 6.280.000,00 são destinados ao custeio
referente aos meses de setembro, outubro, novembro e dezembro, em quatro
parcelas de R$ 1.570.000,00. Os valores, que constam de planilhas, referem-se
ao custeio de folha de pagamento de pessoal, materiais de consumo e de consumo
assistencial.
De acordo
com memorando assinado pelo coordenador regional de saúde da região sudeste,
José Roberto Abdalla, a gestão da UPA foi incluída no contrato por determinação
da própria Secretaria da Saúde. Chama atenção o fato de a UPA Vila Mariana ter
sido beneficiada com o repasse autorizado pelo gabinete do secretário Wilson
Pollara mesmo antes de estar devidamente registrada no Cadastro Nacional e
Estabelecimentos de Saúde (CNES).
Segundo o
cadastro, gerenciado pelo Departamento de Informática do SUS (DataSUS), no
Ministério da Saúde, o registro só foi feito em 4 de novembro. De acordo com o
Departamento de Informática do SUS (DataSUS), que gerencia o CNES, é critério
para o cadastramento que o estabelecimento esteja em funcionamento.
Conforme o
próprio cadastro, a UPA tem apenas um funcionário, Milton Scalabrini, que atua
como gerente de serviços. A ficha completa, que pode ser acessada por meio da
página do CNES, não indica a existência de equipes, equipamentos, leitos ou
demais itens necessários para o atendimento.
Além do fato
de uma UPA que só está ativa nos papéis custar ao município RS 1.570.000,00 por
mês, mesmo tendo apenas um funcionário, causaria estranheza ainda o endereço
registrado no CNES – Rua Napoleão de Barros, nº 771, ao lado do pronto-socorro
do Hospital São Paulo, que fica a duas quadras dali – se não fosse um documento
assinado pela direção da OS SPDM.
No último
dia 30 de agosto, um mês antes de o secretário Wilson Pollara autorizar o
repasse de R$ 6.280.000,00 à SPDM, o diretor-presidente da OS, o médico
psiquiatra Ronaldo Laranjeira, assinou autorização para que o Hospital São
Paulo – hospital-escola da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal
de São Paulo (Unifesp), gerido pela SPDM – passe a ceder espaço para o
funcionamento da UPA Vila Mariana.
Mas não há
placas nem indicação de novos serviços de atendimento à população no endereço
do hospital, que convive com dificuldades financeiras históricas e greves de
residentes justamente para reivindicar melhores condições de trabalho,
infraestrutura e mesmo insumos básicos, como gaze, por exemplo.
SPDM
A SPDM é
maior Organização Social conveniada com o município. Administra equipamentos
municipais de saúde em praticamente todas as regiões, entre eles Vila Mariana e
Jabaquara. E recebe cerca de R$ 1,2 bilhão por seus serviços. É cotada para ser
a gestora do Hospital Municipal de Parelheiros, iniciado na gestão de Fernando
Haddad (PT).
E seria a responsável por gerir o Hospital Universitário (HU) da
USP, caso João Doria (PSDB) obtivesse êxito na “municipalização” do
hospital-escola da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Seguindo
à risca a cartilha da gestão Alckmin, a reitoria da USP, maior universidade do
país, pretende se desfazer do hospital.
Segundo a
assessoria de imprensa da Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo, estão em
andamento as obras de seis UPAs, todas com estimativa de conclusão e abertura
em 2018: Ermelino Matarazzo, Júlio Tupy, Tito Lopes, Pirituba (Soares Hungria),
Perus e São Luiz Gonzaga. As da Vila Mariana, ao que parece, seguem paradas.
Fonte: da
Redação Click Política REVISTA FORUM
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