“Essa matéria demonstra bem claramente como o Brasil é dominado por
bandidos ricos, a perseguição ao PT e Lula, as proteções dos Ministros do STF
aos grupos do PSDB, MDB, DEM que são denunciados com provas através de
mensagens de Email’s, filmagens, áudios, extratos bancários, entre outras, as
denúncias são arquivadas sem uma justificativa plausível e inclusive a Ministra
Cármen Lúcia arquivou denúncias contra Ministros do STF que protegiam bandidos como
Wesley Batista e outros, mas negaram o julgamento dos embargos dos processos de
Lula com a maior ‘naturalidade’ isto é muito desolador e vergonhoso”. (crivo nosso)
Desde que o doleiro Alberto Youssef foi
preso pela primeira vez, em 2004, Dario Messer foi apresentado ao Brasil como
“o doleiro dos doleiros”. Youssef, falando sobre os maiores operadores do
mercado paralelo, disse:
“Um era eu, a Tupi Câmbios, a Acaray, Câmbio Real,
Sílvio Anspach, o Messer do Rio, o Rui Leite e o Armando Santoni”, disse.
Youssef superfaturou sua importância no esquema ilegal
de câmbio, já que era de um centro menor, Londrina, mas disse a verdade quanto
a Messer.
O doleiro dos doleiros também foi citado na CPI do
Banestado, no Paraná, mas, curiosamente, nunca foi denunciado pelo Ministério
Público Federal no estado.
Agora que o Ministério Público no Rio de Janeiro
decretou a prisão dele e o obrigou a fugir, começam a surgir os sinais de que Dario
Messer pretende falar. E ele tem o que falar.
Dois operadores do esquema dele, Vinícius Claret, o Juca
Bala, e Cláudio Barboza, presos no Rio de Janeiro, disseram em depoimento que
os doleiros pagavam uma mesada de 50 mil dólares ao advogado Antonio Figueiredo
Basto, chamado de o rei das delações na vara de Sergio Moro.
Segundo esses doleiros, a mesada foi paga durante cinco
anos, para garantir proteção nas delações, na Polícia Federal e no Ministério
Público Federal.
O segundo sinal de que Dario Messer quer mesmo falar foi
emitido hoje, através de uma entrevista que o advogado dele deu à Folha de S.
Paulo.
Disse José Marcondes de Moura: “Dario está aberto e quer
falar tudo o que sabe, mas não quer ter a faca no pescoço”.
Messer não quer ser preso e, por isso, além de negociar
com autoridades brasileiras, mantém tratativas também com procuradores no
Paraguai, para onde se mudou em 2014, quando estourou a Lava Jato.
No país vizinho, ele é conhecido como “irmão de alma” do
ex-presidente Horácio Cartes, que deixou o governo há pouco, depois que o
candidato do seu partido, Mario Benítez, venceu as eleições.
Assim como não foi incomodado em 2004 pela Justiça
federal no Paraná, também na Lava Jato Messer passou incólume até que, no Rio
de Janeiro, o juiz Marcelo Bretas decretasse sua prisão, a partir do pedido dos
procuradores no Rio.
Mas, como conseguiu fugir, juntamente com seus
principais executivos, é razoável imaginar que tenha sido avisado.
O paradeiro dele é incerto. Nos bastidores, há quem diga
que continua no Paraguai. Outros apostam que teria se mudado para Israel, onde
desfruta de cidadania.
A investigação que colocou Messer em evidência foi
resultado de um trabalho persistente do procurador Celso Três. Foi ele quem
abriu o cofre secreto do Banestado, ao conseguir a quebra de sigilo de todas as
contas CC5 do Brasil e descobrir que 124 bilhões de dólares haviam sido
remetidos ao exterior entre janeiro de 1992 e dezembro de 1998.
Três estava lotado em Cascavel e não participou da
denúncia feita pelo Ministério Público Federal em Curitiba contra os doleiros
descobertos nessa quebra de sigilo.
“Na época, nós tínhamos certeza de que o TRF-4 iria
barrar a investigação e, por isso, quando recebemos o resultado da quebra de
sigilo, mandamos para a procuradoria do local onde as pessoas que movimentaram
os recursos residiam. Em alguns lugares, a investigação prosperou, em outros
não”, recorda, em entrevista pelo telefone ao DCM.
O procurador se surpreendeu quando Youssef foi apresentado
ao Brasil como um dos maiores doleiros. “Ele era pequeno. Quase um despachante.
Ficou grande depois que fez o acordo de colaboração homologado pelo juiz Sergio
Moro”, diz.
Depois disso, livre da cadeia e com dinheiro liberado,
Youssef transferiu suas operações de Londrina, no Paraná, para São Paulo, e se
tornou um operador mais expressivo.
Nada que se compare a Messer, mas bem maior do que era
e, nessa condição, além de operar para o deputado José Janene, do PP, começou a
prestar serviços para clientes de maior peso (e até traficantes).
Com suas operações, Youssef acabou cruzando o caminho do
diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, através de um posto de gasolina em
Brasília que era usado para lavagem de dinheiro.
E assim nasceu a Lava Jato, no ponto em que as operações
do submundo financeiro se encontraram com um corrupto que havia dirigido a
Petrobras durante algum tempo, como indicação do PP. Mas no governo petista.
“Na época do Banestado, já havia uma discussão no
Ministério Público Federal sobre os acordos de colaboração. Nós achávamos que
era muito benéfico para os criminosos, como o Youssef. Eles ficavam com
dinheiro, eram soltos e entregavam só uma ou duas pessoas, muitas vezes sem
prova”, diz o procurador Celso Três.
Para ele, a Lava Jato comete o mesmo erro. “As delações
da Odebrecht, por exemplo, feitas de baciada, não estão sendo aproveitadas,
porque são inconsistentes e sem provas. Os inquéritos gerados por essas
delações estão sendo arquivados”, afirma.
Com Dario Messer solto, apesar de operar no mercado
paralelo há décadas, como sucessor de seu pai, também doleiro, por muitos
considerado o primeiro do país, fica no ar o cheiro de que as delações servem
para provocar muito barulho, atingir alvos definidos, mas preservar quem, de
fato, controla os mecanismos de lavagem e evasão de divisas.
Cada dia que passa, fica mais evidente a necessidade que
as delações sejam passadas a limpo. Uma CPI seria o caminho natural, já que,
estando a sujeira no Judiciário, o Legislativo teria independência para investigar.
Seja como for, em que local for, o depoimento de Dario
Messer seria um passo fundamental. Talvez o caminho para o Brasil repetir o que
foi feito na Itália, com a Operação Mãos Limpas.
Quando os juízes de lá exageraram e o país foi para o
buraco, a população cobrou:
Acabem com a Mãos Limpas e nos devolvam a Itália.
No Brasil, também é preciso fazer esse resgate.
Fonte: Diário do Centro do Mundo (D.C.M) por Joaquim de Carvalho
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