ALIADO DE GEDDEL DIZ À PF QUE QUER COLABORAR COM INVESTIGAÇÃO
O advogado Gustavo
Ferraz (à dir.) se diz traído por Geddel - Agência O Globo
14 de setembro de 2017
Ferraz detalha como buscou mala
com dinheiro para ex-ministro
BRASÍLIA — Preso em
razão das digitais em pacotes de dinheiro apreendidos num “bunker” em Salvador,
o advogado Gustavo Ferraz (PMDB) afirmou à Polícia Federal (PF) que deseja
colaborar com as investigações. Ferraz deu detalhes sobre como buscou uma mala
com notas de R$ 100 em São Paulo e disse que se sentiu “traído” pelo
ex-ministro Geddel Vieira Lima (PMDB), também preso preventivamente em Brasília
em razão dos indícios de que é o responsável pelos R$ 51 milhões encontrados na
capital baiana.
Gustavo e Geddel são aliados políticos e as digitais dos dois
foram encontradas em pacotes apreendidos. Agora, Gustavo vem se candidatando a
implodir a parceria e a entregar o que está por trás da maior apreensão de
dinheiro já feita no país.
O GLOBO revelou na edição de terça-feira que o advogado
admitiu em depoimento à PF ter viajado a São Paulo em 2012, a mando do
ex-ministro, para buscar quantias em espécie. Na ocasião, Geddel era
vice-presidente de Pessoa Jurídica da Caixa Econômica Federal, nomeado pela presidente
Dilma Rousseff. O episódio foi citado pela PF para embasar o pedido de prisão
preventiva da dupla — o dinheiro teria sido repassado por um emissário do
ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
Agora, novas
informações obtidas pela reportagem mostram que Ferraz detalhou essa busca das
quantias. O aliado de Geddel já prestou dois depoimentos. No primeiro, foi
genérico nas afirmações. No segundo, acrescentou detalhes e deixou evidente a
intenção de colaborar com a Justiça. Geddel, por sua vez, ficou em silêncio.
Ferraz
disse que buscou uma mala num endereço em São Paulo, numa rua cujo nome não se
lembrava, e que achava que a bagagem seria leve, tendo notado depois o peso. O
advogado afirmou que entregou a encomenda na residência de Geddel em Salvador,
sem abri-la. Depois, em novo depoimento, acrescentou detalhes: forneceu
elementos do carro que usou, do imóvel onde buscou o dinheiro e do avião que o
transportou, que já estaria preparado no aeroporto para ele.
O
aliado de Geddel afirmou que ele e o ex-ministro abriram a mala em Salvador e
notaram a existência de diversos pacotes de dinheiro. De Geddel ouviu que as
quantias iriam abastecer campanhas de candidatos do PMDB da Bahia. Ele disse
ter se sentido “traído” por Geddel, pois não haveria destinação de dinheiro
para seu grupo político. De janeiro até o dia de sua prisão, na sexta-feira,
Gustavo exerceu o cargo de diretor-geral da Defesa Civil de Salvador, nomeado
pelo prefeito ACM Neto (DEM). A Justiça autorizou a transferência dele do
Presídio da Papuda para o Núcleo de Custódia Militar, onde também ficam
advogados.
Por
haver indícios de que o deputado Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA), irmão de Geddel,
tem ligação com o “bunker” dos R$ 51 milhões, o juiz federal Vallisney de Souza
Oliveira encaminhou ontem o caso para análise do Supremo Tribunal Federal
(STF). Lúcio pode ser acusado de lavagem de dinheiro.
Fonte O GLOBO por Vinicius Sassine
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