A desigualdade que se perpetua
fortalece o apartheid social que vivemos. A opção do estado brasileiro em não
fazer testes em massa menospreza a realidade das periferias, favelas e
comunidades carentes do país
A
discriminação praticada pelo governo Bolsonaro tem dado força ao apartheid
social durante a crise do coronavírus. Todavia, apesar de ser de uma
situação que atinge milhões de brasileiros das periferias e favelas
brasileiras, as declarações do presidente criam uma cortina de fumaça que
confundem a população e dão a entender que sua defesa pelo não isolamento é uma
defesa dos pobres e trabalhadores.
Caracterizado
pelos mecanismos de discriminação produzidos e operados pelas estruturas e
instituições públicas e privadas que o reproduz e fortalece, o apartheid social
está inscrito na operação do sistema social e funciona, até certo ponto, à
revelia dos indivíduos.
O
Brasil durante sua história enfrentou diversas pandemias e crises, no entanto,
apesar de termos evoluído muito e sermos reconhecidos mundialmente por ter o
maior, mais amplo e um dos melhores sistemas de saúde pública do mundo, não
conseguimos ter uma estrutura social inclusora.
A
desigualdade que se perpetua fortalece o apartheid social que vivemos. A opção
do estado brasileiro em não fazer testes em massa menospreza a realidade das
periferias, favelas e comunidades carentes do país, onde a estrutura de saúde e
saneamento são precárias e, portanto, uma vez disseminado o vírus, de difícil
controle posterior. Uma tragédia anunciada!
Segundo
dados publicados pelo IBGE em outubro de 2019, o Brasil conta com 55 milhões de
pessoas vivendo na pobreza, ou seja, aproximadamente ¼ da população do país.
Segundo o Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento, no Brasil, mais de
100 milhões de brasileiros não tem acesso à rede de esgoto e 35 milhões não tem
acesso à água. O governo, ao não levar em conta dados como esse para enfrentar
o vírus no campo da saúde pública, atua de forma discriminatória tratando de
forma diferenciada esses segmentos populacionais, introduzindo em nossas
cidades e em nossa sociedade, pela via da política pública, “um corte entre o
que deve viver e o que deve morrer”, o que pode configurar-se em uma eugenia
social sem precedentes no país.
Fonte:
Jornal GGN por Maister F. da Silva
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