“É PRECISO RESISTIR À DESTRUIÇÃO DA ORDEM DEMOCRÁTICA, PARA EVITAR O QUE OCORREU NA REPÚBLICA DE WEIMAR QUANDO HITLER SE IMPÔS”
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(Foto:
STF e Reuters) 31 de maio de 2020
Foi assim, em letras garrafais, que o
ministro Celso de Mello, fez seu alerta aos demais colegas em relação ao que
representa o projeto fascista de Jair Bolsonaro
BRASÍLIA (Reuters) -
O ministro Celso de Mello, decano do Supremo Tribunal Federal (STF), enviou uma
mensagem a interlocutores em que disse que bolsonaristas querem instaurar uma
“desprezível e abjeta ditadura militar” e compara a situação do Brasil, “guardadas
as devidas proporções”, com o que ocorreu na Alemanha nazista com Adolf Hitler,
segundo uma fonte que teve acesso à mensagem, obtida pela Reuters neste domingo.
Celso de Mello é o relator do
inquérito que investiga se o presidente Jair Bolsonaro, conforme acusou o
ex-ministro da Justiça Sergio Moro, tentou interferir no comando da Polícia
Federal. O magistrado é um dos principais alvos de crítica de Bolsonaro e de
mais manifestações pró-governo que ocorrem neste domingo no país.
O decano do STF disse que,
guardadas as devidas proporções “parece estar a eclodir no Brasil” o “ovo da
serpente, à semelhança do ocorreu na República de Weimar (1919-1933)”.
“É PRECISO RESISTIR À
DESTRUIÇÃO DA ORDEM DEMOCRÁTICA, PARA EVITAR O QUE OCORREU NA REPÚBLICA DE
WEIMAR QUANDO HITLER”, escreveu no texto em letras maiúsculas, citando que após
ser eleito como chanceler, não hesitou em romper e anular a Constituição de Weimar
“impondo ao País um sistema totalitário de poder”.
O texto diz que à lei nazista
foi concedido plenos poderes que “lhe permitiu legislar SEM a intervenção do
Parlamento germânico!!!!”.
“‘INTERVENÇÃO MILITAR’, como
pretendida por bolsonaristas e outras lideranças autocráticas que desprezam a
liberdade e odeiam a democracia, NADA MAIS SIGNIFICA, na NOVILÍNGUA
bolsonarista, SENÃO A INSTAURAÇÃO, no Brasil, DE UMA DESPREZÍVEL E ABJETA
DITADURA MILITAR !!!!”, finalizou o texto.
Procurado, o gabinete do ministro
informou que “a manifestação do ministro Celso de Mello foi exclusivamente
pessoal”.
A tensão entre o STF e o
presidente aumentou na semana passada, após uma operação realizada pela Polícia
Federal, por ordem do ministro do STF Alexandre de Moraes, relator do inquérito
das fake news, ter feito buscas e apreensões e quebrado sigilos bancário e
fiscal de apoiadores e aliados de Bolsonaro.
Em outra frente, o presidente
responsabilizou diretamente Celso de Mello, o mais antigo integrante do
Supremo, por ter divulgado praticamente a íntegra de um vídeo da reunião
ministerial do dia 22 de abril. Na ocasião, revelou-se que o ministro da
Educação, Abraham Weintraub, disse que botaria na “cadeia” vagabundos,
começando pelo STF.
Celso de Mello aposenta-se
compulsoriamente do Supremo em novembro, quando completará 75 anos.
A reportagem procurou
integrantes do STF para comentários sobre a mensagem de Celso de Mello, mas
ninguém se manifestou de imediato.
Fonte:
Brasil 247 por Reuters
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