DÓLAR FECHA EM MÁXIMA DESDE MAIO CONTRA REAL COM INCERTEZAS SOBRE EUA
A divisa norte-americana à vista fechou em alta de 1,25%,
a 5,6825 reais, seu maior patamar para encerramento desde 20 de maio (5,6902)
O dólar disparou
contra o real nesta terça-feira, alcançando seu maior patamar para fechamento
em cinco meses, refletindo preocupações globais em relação à disseminação da
Covid-19, à negociação de estímulo nos Estados Unidos e à aproximação das
acirradas eleições norte-americanas, em meio ainda a um cenário fiscal
doméstico teimosamente incerto.
A divisa
norte-americana à vista fechou em alta de 1,25%, a 5,6825 reais, seu maior
patamar para encerramento desde 20 de maio (5,6902). Na máxima da sessão, o
dólar chegou a tocar 5,6845 reais, alta de 1,29%.
Na
B3, o principal contrato de dólar futuro tinha alta de 1,04%, a 5,6850 reais.
A disputa entre
o atual presidente norte-americano, Donald Trump, e seu adversário democrata,
Joe Biden, está sendo atentamente acompanhada por investidores de todo o mundo,
que estão em busca de pistas sobre possíveis medidas de auxílio fiscal que
poderiam ser adotadas depois que os norte-americanos forem às urnas.
Mesmo
depois que um pacote anterior expirou, em julho, as autoridades da Casa Branca
e Congresso dos EUA passaram os últimos meses sem conseguir chegar a um acordo
sobre mais medidas de combate à pandemia, levantando dúvidas sobre a
recuperação do emprego e da atividade empresarial da maior economia do mundo.
Trump
reconheceu nesta terça-feira que o pacote provavelmente virá após as eleições
de 3 de novembro, incapaz de superar as diferenças em relação aos termos de um
acordo com seus colegas republicanos no Senado dos EUA ou com os parlamentares
democratas.
“O que nós
tivemos hoje foi aversão forte ao risco lá fora. O mercado está bastante
conturbado, e a disputa norte-americana pode trazer surpresas”, disse à Reuters
Reginaldo Galhardo, gerente de câmbio da Treviso Corretora.
Enquanto,
isso, a Covid-19 continua se espalhando pelos Estados Unidos, gerando temores
sobre a imposição de restrições à atividade em algumas partes do país. Na
Europa, vários países estão registrando números recordes de infecções, com as
autoridades da França buscando opções a lockdowns mais rigorosos.
“A
segunda onda (de coronavírus) também deixou o mercado muito instável. Em caso
de novos lockdowns, as grandes economias vão sofrer muito mais e ter mais
gastos”, explicou Galhardo.
No Brasil, além
das dúvidas sobre como o governo conciliaria seu projeto de auxílio --batizado
de Renda Cidadã-- a um Orçamento apertado, impasses políticos em Brasília,
atrasos na agenda de reformas estruturais e um ambiente de juros extremamente
baixos têm sido apontados como fatores de impulso para o dólar nos últimos
meses.
“O
lado político está em marcha lenta, não está com pressa de votar coisas
importantes”, completou Galhardo. “Tudo isso, de qualquer forma, está pendurado
no preço (do dólar).”
Nesta
terça-feira, o Comitê de Política Monetária do Banco Central deu início a sua
reunião de decisão de juros, cujo resultado será divulgado na quarta-feira. A
expectativa é de que o Copom mantenha a taxa Selic em sua mínima histórica de
2%.
“O
primeiro dia de reunião do Copom traz à autoridade monetária o desafio de
alterar seu discurso insistente de abertura de espaço para futuros cortes de
juros e definir por um ‘fechamento definitivo da porta’ no curto prazo, em meio
aos desafios tanto inflacionários quanto fiscais”, escreveu Jason Vieira, economista-chefe
da Infinity Asset.
O
patamar da taxa de juros tem influência sobre o mercado de câmbio, uma vez que
dita a rentabilidade de ativos brasileiros atrelados à Selic, afetando a
entrada de investidores no Brasil e, consequentemente, o fluxo de dólares.
Fonte:
Brasil 247 por Reuters
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